Antes de começar a resenha, tenho duas considerações a fazer. A primeira é bem simples: eu gostei desse livro. A segunda é um pouco mais complexa: tenho visto muitos casos de resenhas a respeito de livros brasileiros que, como irei dizer, suavizam todos os erros, problemas ou aspectos negativos da obra em questão. Eu concordo que devemos apoiar os escritores nacionais, que eles têm menos incentivo para publicação, que as editoras não revisam tão bem, etc. Porém, em primeiro lugar vem o compromisso que todo resenhista tem com vocês, leitores, de escrever com sinceridade a sua opinião sobre qualquer livro. Isso independe de nacionalidade, gênero, ou qualquer outro fator e fico muito triste quando vejo tantos casos de blogueiros sendo desrespeitados por dar sua simples opinião.
Como podem ver, refleti bastante sobre o assunto antes de vir aqui escrever essa resenha. E isso tem um motivo, claro. Estou lendo tantos comentários maravilhosos, derramados em elogios sobre a perfeição desta obra de Carol Sabar, que fiquei bastante preocupada quando percebi que tudo que eu precisava e pretendo dizer aqui pode vir a ser mal interpretado. Mas enfim, não há nada que eu possa fazer além de escrever o que achei do livro.
Como (quase) namorei Robert Pattinson é um livro que eu não leria em um primeiro momento. O título me remeteu àqueles livros que embarcam na onda de grandes sucessos e que não tem nenhuma história nova para contar. Porém, depois de ver uma mobilização tão grande da blogsfera, tantos elogios e conhecer a sinopse e do que se tratava a história, fiquei bastante empolgada para lê-lo.
Essa é a história de Duda, uma jovem de 19 anos que é super fã da saga Crepúsculo. Ela é, como se autodenomina, uma Crepuscólica, que vive e respira para essa história de vampiros. Infelizmente, ela acaba deixando de lado a vida real por causa disso. Quase não sai com seus amigos e não namora porque nenhum cara que conhece pode chegar aos pés da perfeição do Sr. Robert Cullen ou Edward Pattinson.
Isso é uma coisa que começou a me incomodar logo no início do livro, Duda mistura o personagem divinamente construído por Stephenie Meyer com o ator de Holliwood que, na minha singela opinião, não tem nem ¼ da beleza e maravilhosidade do Edward no papel.
Não há como negar que a protagonista é muito engraçada e torna a trama super divertida e até hilária em certos pontos. Duda é muito fanática e tem diversos diálogos internos surpreendentes. Um exemplo de sua mente fértil é o capítulo inicial do livro, em que ela está em uma praia deserta, com Robert Pattinson passando bronzeador em suas pernas e uma “caipirosca de limão geladinha” ao lado.
O livro segue contanto sobre o intercâmbio de Duda, sua irmã e mais duas amigas, que moram juntas e vão passar uma temporada em Nova York para estudar inglês. Lá ela acaba fazendo novos amigos, e entre ele está o fofíssimo Pablo. Ele é um amor de pessoa, um gato e disposto a tudo para conquistar o coração de Duda. Mas não importa o quanto ele se esforce, ela só pensa no personagem-ator de Crepúsculo.
E assim que ela conhece seu vizinho e descobre que mora ao lado de um sósia praticamente idêntico à RP, toda a razão vai por água a baixo e ela só pensa em Miguel, Miguel, Miguel.
Apesar de estar na cara que tem algo errado com o gato, possuidor de um Volvo prata, devo dizer, Eduarda não se importa nem um pouco. Deixa de lado Pablo e as amigas e só se preocupa mesmo em encontra-lo (pois ele está sempre fora) e em estar em sua companhia.
Logicamente essa fissuração garante boas risadas ao leitor e muitas situações divertidas. Duda é daquelas personagens que sempre mete os pés pelas mãos! E como o livro é bem extenso, podem contar com várias reviravoltas, surpresas e fortes emoções.
Isso é um quesito que poderia ter sido melhorado no livro. Achei que ficamos muito tempo dentro da cabeça de Duda, acompanhando suas ideias mirabolantes. Por vezes virei umas oito páginas e não saía das divagações dela, o que tornou a narrativa extremamente maçante nesses pontos. E como não sou do tipo paciente que aguenta várias reflexões que não levarão a lugar nenhum, lá vai a Adriana fazer uma leitura dinâmica (só correndo os olhos por cima do texto até chegar em algum diálogo).
O outro ponto que eu mudaria trata-se da história em si. Acho que a Carol quis fazer um contraponto entre Edward – Miguel e Pablo – Jacob. Entretanto não acho que isso tenha funcionado e não conseguiu me convencer nem um pouquinho. Eu, sinceramente, não consegui entender e muito menos gostar do final.
Achei que ficou tudo muito sem sentido nos últimos capítulos, como se as cenas e acontecimentos fossem jogados no livro sem propósito. Não sei se conseguirei me expressar claramente, mas senti como se a trama tivesse se perdido no meio de tanta enrolação e problemas apresentados. É raríssimo eu conseguir perceber esse tipo de coisa, tanto que minhas avaliações sempre puxam pro lado do positivo neste tipo de gênero literário. Mas não tem como eu não falar francamente aqui se terminei o livro com essa opinião gritanto em minha mente.
Isso não quer dizer que eu não tenha gostado do livro, volto a dizer. Foi uma leitura muito gostosa e leve, mas não conseguiu passar de um bom na minha humilde avaliação.
Não posso deixar de dar os parabéns à Editora Jangada pela capa e projeto gráfico do livro, que ficou uma beleza. Não consegui encontrar muitos erros durante a leitura e as páginas são amarelas com letras bem agradáveis ao leitor (nada daquelas letras miudinhas). Também preciso dar os parabéns à autora, que conseguiu lançar um livro totalmente inovador no gênero e que demonstra muito talento da parte dela. Apesar de não ter amado o livro, ficou claro que Carol Sabar pode lançar muitas obras de sucesso ainda, pois tem o dom de escrever bem um estilo bastante difícil e disputado, o chick-lit.
Considerações a parte, só me resta recomendar a obra aos amantes do gênero e a todos que estão na dúvida e desejem tirar suas próprias conclusões.
Avaliação (de 1 a 5):